sexta-feira, 31 de agosto de 2012

As maiores dificuldades na implantação de sistemas de gestão ERP. Como vencê-las?

Muitos de nós no decorrer de sua carreira já se deparou com uma implantação de algum sistema de gestão ERP, quem ainda não teve essa grata experiência, provavelmente, é só uma questão de tempo, ela virá.

Esse tipo de sistema tornou-se febre nas empresas, pelos benefícios que provê.
Enfrentar um processo de implantação de ERP não é tarefa fácil.

Em todos os meus anos de experiência no assunto, já há algum tempo, concluí que as piores dificuldades não estão nos desafios técnicos. As piores barreiras são as que confrontam a estrutura organizacional das empresas ou alterações em processos já estabelecidos que normalmente dependem de interatividade com as pessoas.


Enterprise Resource Planning

Não é novidade para a maioria dos profissionais de TI encontrarem funcionários que se sintam ameaçados quando uma implantação dessas ocorre. E é verdade. Não vamos aqui fazer demagogia e dizer que uma implantação de ERP não ameace ninguém.

Ameaça sim, e justamente por isso que é um processo tenso por natureza, fazê-lo leve, vai depender da postura do profissional de TI em relação as outras pessoas da organização.
Basta analisar: Quais os principais objetivos de uma empresa ao decidir por uma implantação de uma suíte de gestão?

1. Rever processos e eliminar gargalos e retrabalhos;
2.Melhorar os controles sobre os processos ;
3. Gerar dados para transformá-los em informações confiáveis;
4. Tornar a gestão do negócio mais realista, amparada em seus próprios dados estatísticos e assim obter amparo na tomada de decisões.
Dependendo da situação de cada empresa, em alguma etapa indicada acima pode haver corte de pessoal.

Em minha visão, os funcionários só devem se preocupar de fato se puderem se encaixar em algum dos tópicos:

Fatores de preocupação
1. Estagnação;
2. Obsolescência;
3. Pouco nível de comprometimento;
4. Acomodação;
5. Desatualização.
Esses fatores chave, combinados ou não, podem ocasionar num processo demissional durante um processo de implantação de sistemas de gestão.


Relacionamento-interpessoal

O ideal seria se o sistema ERP se integrasse com facilidade e nenhum processo precisasse ser revisto, nenhum funcionário precisasse ser incomodado, mas, sabemos que isto não existe. Normalmente não é assim, porque ninguém consegue desenvolver um software que se encaixe perfeitamente a todas as realidades empresariais do mercado. Alguns tentam, mas, sabemos que nesses ERP´s muitos controles personalizados não existem, e como a customização desses softwares é uma fortuna, as empresas optam por controles paralelos, normalmente em planilhas, para conseguir ter todos os controles que deseja.

O objetivo torna-se ter o básico funcional e estável.

Nenhum consultor de ERP quer fragilizar as relações com os funcionários da empresa contratante, porque isso significaria complicar as relações que já tendem a ser difíceis e podem atrasar o projeto, mas, alguns funcionários resolvem dificultar as coisas, por que de repente, não quer mudar a forma de trabalhar, não quer rever conceitos, ou simplesmente se acham donos da verdade, resistem às mudanças que às vezes tornam-se necessárias; nestes casos, essas pessoas acham que a melhor solução é criar obstáculos ao ERP.  Quando a alta direção está comprometida e quer a implantação, esse funcionário poderá ter problemas ou até mesmo ser demitido.
O consultor de ERP deve saber lidar esses problemas de relacionamento aplicando técnicas políticas e de relacionamento; desenvolver essas habilidades é essencial; ser ético e ter a postura de ajudar a empresa e os funcionários a melhorar; aliviar a carga de trabalho;  evitar o confronto.

Um usuário insatisfeito ou mal convencido pode boicotar a implantação, ocasionando atrasos no seu projeto e na implantação em si, e em TI literalmente, tempo é dinheiro.

Temos que ter uma coisa em mente: Se o usuário não quiser usar o sistema ou a rotina ou o recurso ele não usa, e não adianta o consultor se jogar ao chão e espernear, ele não usa e pronto. Deve ser um constante trabalho de convencimento, habilidade que o profissional de TI deve desenvolver rapidamente.  Pode ser difícil mostrar para a direção situações como essa, na qual o funcionário boicota a implantação do ERP sem o confronto direto, lembre-se: o forasteiro é você. Quem precisa convencer todos é você. Confrontos diretos nunca são bons para o projeto de implantação, significa atraso e prejuízo direto e ainda tem o poder de torná-lo uma pessoa antipática, trazendo ainda mais dificuldades.

Implantar um ERP sem conflito é tarefa praticamente impossível; muitas vezes é inevitável e deve ser gerenciado de forma inteligente com total profissionalismo, sempre em busca dos objetivos da organização; habilidades de relacionamento interpessoal do consultor ERP e da equipe envolvida na linha de frente do projeto é essencial; Apoio da gerência de TI para fixar algumas posições junto ao cliente também, pois, alguns conceitos e condições contratuais devem ser explicitados desde o início da implantação.

Quem enxerga um projeto ERP como uma ferramenta de gestão de auxílio que pode melhorar o seu próprio trabalho, já demonstra ter uma visão ampla e certamente se destacará, e mais, essa pessoa será um aliado do projeto ERP, o que será bom para todos. Cabe ao profissional de TI que está liderando o projeto de implantação e a toda equipe envolvida fazer com que a
força de trabalho do seu cliente tenda a pensar dessa forma.

Cada consultor de TI, quando tem o desafio de implantar um ERP, aguça sua vocação e deduz coisas sobre o comportamento humano que só a psicologia pode explicar cientificamente, ou seja, podemos dizer que a experiência provê em paralelo uma formação de pseudo psicólogos. Dessa forma, comecei a achar uma ótima área de estudos, complementar a TI, existem cursos de pós-graduação na área.

Relacionamentos interpessoais bem construídos contribuem para mais de 80% do sucesso de um projeto de implantação de ERP.

Autor: Alexandre Fernando

Rumo à modernização com sistema de gestão empresarial

Grandes empresas passaram a usar o primeiro ERP há mais de uma década. Agora, uma em cada quatro PMEs planeja atualizar ou implementar um novo.
Eles não podiam esperar mais tempo. O sistema ERP do Electric Power Research Institute (EPRI) tinha chegado ao fim de sua vida útil. Não foi surpresa. O EPRI, instituto de pesquisas californiano que realiza estudos sobre produção, distribuição e uso de energia elétrica para concessionárias nos estados e proximidades, implementou o sistema de gestão empresarial em 1999.

A plataforma tinha sido projetada, usando uma combinação de mainframes, microcomputadores, sistemas cliente/ servidor e desktops, um ambiente legado difícil de gerenciar. Pior, o fornecedor do ERP foi engolido pelo concorrente e o suporte chegou ao fim.

Era hora de fazer uma escolha dolorosa. Mas, ao contrário do que aconteceu em 1990, o EPRI tinha muitas opções para avaliar no mercado. A companhia poderia escolher um fornecedor de grande porte como Oracle ou SAP. Ou ainda optar por uma solução no modelo software como serviço (SaaS), mas ágil. Ou também partir para uma solução on premise [hospedada e gerenciada por um terceiro].

A última opção foi a escolhida e optou-se ainda por um mix de fornecedores para disponibilizar a tecnologia. O motivo? “A solução tinha um diferencial: contava com um módulo de gerenciamento de ciclo de vida do produto, tudo o que precisávamos”, resume Michael Dotson, gerente sênior de operações comerciais do EPRI. Além disso, diz, a empresa de hospedagem tinha mais experiência com o software. “Identificamos que isso nos ajudará a ter uma implementação mais rápida e se quiséssemos customizar a tecnologia mais tarde seria mais simples”, completa.

Velocidade x força
Durante anos, a Recovery Healthcare Corporation (RHC), provedora de serviços de suporte para a justiça criminal do Texas, utilizou o QuickBooks para gerenciar a operação. Mas, recentemente, a empresa mudou para a NetSuite.
Vickers L. Cunningham, um juiz aposentado do distrito criminal que agora é COO da RHC, afirma que o motivo da mudança foi a simplicidade.

“Não queremos ter nossos próprios servidores e não nos preocupar com backups e manutenção. Apenas nos conectar à internet e ir embora”, afirma Cunningham.

Com mais de cem funcionários em 16 escritórios, a RHC se aproxima agora da marca de 10 milhões de dólares de receita, mas Cunningham diz que ainda tem de aproveitar plenamente as capacidades do NetSuite.

Para competir com as soluções SaaS, como o NetSuite, os fornecedores da tecnologia on premise tiveram de se tornar mais rápidos e flexíveis. A SAP começou a comercializar o que chama de soluções de mobilização rápida (RDS), que prometem ter um sistema ERP instalado e funcionando em menos de 90 dias, diz Bill Bowers, vice-presidente de Global Field Enablement para Rápida Entrega da SAP.

“Hoje, os clientes querem um ERP adequado ao seu tamanho a um preço competitivo”, diz Bowers. “Eles querem saber se terão aquilo que pagaram. Com RDS, estamos inserindo mais conteúdo ao ERP para ajudar empresas a descobrir e a compreender nossas soluções.”

Bowers diz que a SAP também está trabalhando de forma próxima aos integradores e provedores de hospedagem para oferecer soluções híbridas – uma tentativa de combinar o poder e a customização de soluções on premise com a flexibilidade do on demand.

“A pergunta óbvia é: como vamos fazer com que soluções on premise sejam mais acessíveis e fáceis de implementar?” , reflete ele. “Estamos trabalhando nisso para ficarmos em linha com companhias como a Salesforce.com.”

Mas soluções de ERP estão ficando complexas e ganhando customizações, cenário que está longe de ser uma tarefa trivial, avisa China, da Forrester.

“O argumento-chave de SaaS é que o modelo é mais rápido de implementar”, diz ela. “Fornecedores de plataformas on premise precisam ser capazes de demonstrar que podem se mover rapidamente e implementar um sistema em um tempo de seis a nove meses”, observa. Para isso, prossegue, eles estão sentando-se com os clientes no início para entender seus processos de negócios e de que forma eles se relacionam com o ERP.

Por outro lado, aponta China, SaaS está gerando novos desafios: “As empresas que seguem a trilha de SaaS precisam se certificar de que as aplicações vão apoiar aos negócios e possibilitar personalizações que eles estão acostumados a ter no modelo on premise”.


Na prática, isso nem sempre é possível Implementações e opções de entrega não são as únicas que mudaram nos últimos 12 anos. Empresas aprenderam, na prática, como evitar armadilhas. Dotson, do EPRI, é um exemplo. Embora a adoção da tecnologia tenha sido um sucesso, garante, ele está fazendo algumas mudanças no segundo round de atualização da solução.

O EPRI está começando o projeto com uma ideia mais clara sobre como são os processos de negócio, algo que foi muito simples na implementação da tecnologia anterior. Ele contratou uma empresa de consultoria para ajudá-lo a não cair em armadilhas comuns do ERP antes de se aprofundar no processo. E todas as partes interessadas do EPRI têm-se envolvido ativamente na escolha de um vencedor.

“Não foi apenas uma decisão de TI”, explica o executivo. “Muitas pessoas estiveram envolvidas. Na última análise, antes de bater o martelo, as áreas de negócios e de TI se reuniram e decidiram sobre a mesma solução.”
No RHC, Cunningham diz que conversou bastante com a equipe NetSuite antes da escolha.

Duas vezes por semana, durante seis meses, ele participava de uma conferência de cerca de 90 minutos para estabelecer o mapeamento de todos os processos da empresa antes de a implementação começar. “Eles realmente tinham de entender o nosso fluxo de negócios”, diz. “E isso nos deu tempo para pensar sobre o que estávamos tentando fazer também”, completa.

Dotson diz que o EPRI está dentro do cronograma para lançar os principais componentes de seu novo ERP em julho de 2012, cerca de nove meses após o início da implementação. RH e componentes de CRM serão adicionados em um momento posterior. “Estamos confiantes de que seremos bem-sucedidos”, afirma.

Sete pecados capitais na implementação
1 - Falha no planejamento do projeto: essa talvez seja a fase mais crítica de um projeto de ERP. As empresas não podem ter preguiça de escrever, fazer diagramas, relatórios etc.


2 - Processos críticos de negócios mal definidos: quase uma consequência do mau planejamento. Fatalmente, caso isso aconteça, a empresa terá de fazer mudanças no sistema depois de estar pronto.


3 - Falha em detalhar os processos nas pontas: caso a empresa não conheça exatamente a rotina das pessoas que vão, de fato, utilizar o sistema, fatalmente fará algo inútil ou complicado demais.


4 - Falha em preparar o sistema para suportar picos de utilização: nenhum sistema é utilizado com a mesma frequência o tempo inteiro. É preciso saber o quanto ele aguenta e quanto terá de suportar quando for exigido em carga máxima.


5 - Evangelizar os patrocinadores do projeto: tudo tem de estar escrito. Se não está explicitamente indicado, está implicitamente excluído. Todos os envolvidos no projeto precisam ter consciência do que está no papel e saber que é isso que será realizado, nada menos, nada mais.


6 - Iniciar a implementação antes de definir o escopo: nada acontece antes que o cronograma e os recursos estejam bem definidos e formalmente aprovados.


7 - Falha no “cut over”: as datas de inauguração do novo sistema e de desligamento do antigo, devem estar definidas e o processo planejado. É impossível fazer isso sem causar impacto. Esse plano tem de ser discutido já na fase de planejamento do projeto.


Autor: Dan Tynan, da InfoWorld (EUA)